1 de dez. de 2011

MANIFESTO - Pela (re)articulação do Fórum Sergipano em Defesa da Educação Pública



           O ano de 2011 aproxima-se do seu fim com marcas diferenciadas nas lutas políticas em toda a sociedade. Nos últimos meses, tem sido comum acompanharmos manifestações em todas as partes do mundo: do Egito aos Estados Unidos; da Europa ao Brasil. Aqui, tivemos uma retomada de greves em nível federal e em diversos estados, tanto na iniciativa privada, como os operários das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e dos estádios da copa, quanto no funcionalismo público, com as greves nacionais dos bancos; correios e trabalhadores das universidades federais. Neste momento, os professores do Rio Grande do Sul enfrentam o governo de Tarso Genro numa dura greve. Temos então, aos poucos, um quadro de avanço na mobilização. Torna-se visível como os sintomas da crise capitalista assolam todos os países do globo, em maior ou menor escala e, no estágio de “mundialização do capital”, não estamos isolados e também sentimos estes efeitos de diversas formas, seja no mísero salário mínimo, no desemprego e subemprego, nas condições miseráveis de vida para a maioria da população, ou seja, a desigualdade persiste mesmo com a existência de programas sociais; incentivo ao consumo e bonitas propagandas governamentais. Há uma contradição inegável entre o discurso oficial de “país rico” e em “pleno desenvolvimento” com a dura realidade que encontramos.
          É neste contexto que se insere a Educação Pública brasileira: o que deveria ser direito constitucional e dever do Estado é encarado como mercadoria. E de péssima qualidade. Com uma formação alheia às necessidades reais do povo, mas esse processo não tem se dado sem resistência, pelo contrário. Acompanhando a tendência, aqui em Sergipe tivemos diversas iniciativas: fortes greves dos professores das redes municipais, estadual e federal, com participação de suas entidades como o SINDIPEMA, SINTESE e SINASEFE; os estudantes, na UFS, ocuparam a reitoria em defesa de melhorias para o curso de comunicação social e para a universidade; trabalhadores da UFS que entraram em greve contra a privatização do Hospital Universitário, são alguns dos bons exemplos. Justamente neste ponto convidamos toda a militância engajada na luta por uma Educação Pública de qualidade a fazer uma importante reflexão: infelizmente, a fragmentação das lutas e a dificuldade de unidade para ensejar um efetivo processo de resistência aos ataques sofridos pela Educação Pública são marcas deste período. Dessa forma, não canalizamos as forças que temos para os devidos embates, resultado: perdemos todos. Por isso a nossa proposta: Discutir/Encaminhar a rearticulação do Fórum em Defesa da Educação Pública no estado de Sergipe.
        O Fórum não representa uma novidade. Desde a década de 90, nos duríssimos e privatizantes governos do PSDB, as entidades, sindicatos, movimentos sociais se unificavam em torno da articulação de um Fórum em defesa da Educação Pública, com ampla participação nas bases dos trabalhadores, e que foi responsável pela elaboração de uma das grandes iniciativas autônomas e democráticas da história da educação pública: o Plano Nacional de Educação (PNE). Aquele mesmo que em 1996 previa 7% do PIB para a Educação e que teve vetos orçamentários feitos por FHC e mantidos por Lula e Dilma, o que, na prática, tornou inviável a aplicação das demandas populares em torno da bandeira educacional, fazendo o Plano, na prática, valer apenas como uma bonita carta de intenções. Naquele momento, era pulsante o Fórum. Entretanto, no período seguinte, perdemos essa capacidade de articulação, muito por conta do envolvimento de muitas entidades e movimentos que, em muitos casos, deixaram a luta de lado para a ocupação de cargos e amoldamento à institucionalidade e ao Estado. O Fórum tornou-se uma mera sigla. Recentemente, contudo, tivemos uma boa notícia:diversos setores organizados, no Rio de Janeiro, construíram um Fórum com cerca de 3000 pessoas e, em conjunto com estudantes; professores; movimentos; intelectuais, relançaram o Fórum em defesa da Educação Pública. Elaboraram uma carta de princípios e tentaram dar um novo fôlego a essa imprescindível articulação. Deram uma ótima lição.
          E em Sergipe? Como intervir nesse processo? Podemos e precisamos unificar as nossas forças. O orçamento de Sergipe para o ano de 2012 acaba de ser discutido e votado na Assembleia Legislativa, com maior fatia para a Educação. Diversas entidades, nacionalmente, encampam a luta em defesa dos 10% do PIB para a Educação Pública. No estado, nada de gestão democrática implementada pelo governo e, de outro lado, interferência na carreira do magistério. Manifestações têm acabado como caso de Justiça, sempre consideradas ilegais pelo tribunal comum, que insiste em julgar questões trabalhistas. Falta de professores e de estrutura física nas escolas e universidades; fechamento de escolas no campo! Até quando suportaremos isso?(essa indagação chama atenção para que as pessoas que lêm o manifesto façam uma indagação e busquem respostas e encaminhamentos no próprio texto).
          Por último, chamamos a uma reflexão central para nós que construírmos a Educação Pública. A necessidade de consolidar um projeto de Educação em sintonia com um projeto de transformação social: queremos dialogar sobre princípios e objetivos que nos conduzam a esse caminho, enquanto Fórum de articulação em torno da Educação Pública, sob pena de não respondermos à altura aos desafios colocados pela história. O Fórum definitivamente não pode perder, ainda que tenha como foco a pauta educacional, o horizonte estratégico de superação das estruturas sociais existentes. É tempo de nos indignarmos e mostrarmos, mais uma vez, a força coletiva da classe trabalhadora organizada em torno de uma educação pública e de qualidade. A esperança não está perdida. Este é o nosso manifesto e esperamos contar com todos e todas que estejam dispostos a se dedicar a esta causa. Na luta nos encontramos.

ASSINAM ESTE MANIFESTO:

AGB (Associação dos Geógrafos Brasileiros)

SINTESE (Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Sergipe)

PCB (Partido Comunista Brasileiro)

PSOL (Partido Socialismo e Liberdade)

NETE-UFS (Núcleo de Estudos Transdisciplinares em Educação)

Coletivo Nacional do Movimento Estundantil "Barricadas Abrem Caminhos"

MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)

MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores)

UJC (União da Juventude Comunista)

ADUFS (Associação dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe)

Coletivo Geografia na Luta - UFS

Coletivo Nacional Levante

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12 comentários:

  1. Antonio Jose de Melo. Licenciatura em Educação do Campo - UFS

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  2. Avante........Educação Pública não é uma IDEIA, é um direito público subjetivo ainda. Está na Carta Magna desse país. Ini-vos todos e todas na defesa desse direito conquistado por meio de históricas lutas!

    Sandra Beiju - profa na Escola Pública de Educação Básica

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  3. É verdade, companheira Sandra. Obrigada pela contribuição!

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  4. PARABÉNS! distinta Cristiane e todas as companheiras e companheiros que estão se juntando nesse espaço de luta. Penso que este Forum é essencial para recuperarmos nosso fôlego para os enfrentamentos com esses "caras" que estão agora sentados nas cadeiras do poder, mentindo para o povo e destruindo a educação pública e seus profissionais.
    Cadê o SINDIPEMA? A gestão democrática da Rede Municipal de Aracaju está a naufragar.Vamos discutir isso já!
    Adorei ter um espaço aberto como esse, para falarmos da educação públilca.
    Abração prá vocês.

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  5. Sandra, estamos lhe aguardando em nossas reuniões pois vc dará valiosas contribuições à discussão.

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  6. Caríssimas companheiras e companheiros da Magistério Público de Sergipe,

    Saudações fraternas,

    Estou ansiosa para que aconteça o seminário poposto por esse Forum para os três dias da Greve Nacional na Educação, convocada pela CNTE, no mês de março vindouro. A instituição de outro espaço para a reflexão e o debate crítico sobre educação é de fundamental importância na conjuntura atual. O Forum tende a ser um espaço de "renovação" das nossas energias mentais/intelectuais(somando-se aos sindicatos) e espirituais para a continuidade da marcha histórica a favor de uma escola pública decente para o povo. É valido afirmar que o Forum não é lugar de "disputa política" com os sindicatos do magistério, e, sim lugar de reafirmação e fortalecimento das lutas travadas por décadas e décadas nesse "Sergipe Del Rei" É preciso que se deixem de lado as "vaidades" os "autoritarismos" o apego ao poder nas instituições e enxerguem a importância vital da rearticulação desse Forum. O Forum é todo nosso, é da sociedade civil....é das mães e pais que matriculam os filhos na escola pública...é do pedreiro, é do gari, é do ambulante...É de todos, porque todos temos o que dizer sobre educação, sobre escola e todos pagamos impostos para ter escola pública e ela precisa funcionar para o bem da sociedade.
    Abração
    Professora na Educação Básica e Presidenta eleita do Conselho Escolar da Escola Municipal Profa. Áurea Melo Zamor. Aracaju/Sergipe

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  7. Espero poder estar presente na realização deste Fórum. Até agora não percebi nenhuma movimentação do SINDIPEMA para mobilização dos professores para participarem deste Forum. Esse é um espaço que há tempos desejamos para discutir os problemas da educação básica e ir além, pois não basta discutir, é preciso lançar bases concretas para uma mudança de comportamento. Tenho esperança que esse espaço esteja se consolidando e que possamos avançar no desenvolvimeto do processo educativo, sem massificar, principalmente, aqueles que precisam e que contribuem com essa educação. Somos a escola pública, fazemos essa escola, não podemos ser desrespeitados no nosso trabalho!!!
    Professora Mestre em Educação, professora da Educação básica e do nível superior e presidente do conselho escolar da EMEI Francisco Guimarães Rollemberg. Aracaju/SE

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  8. Gostarei de assinar o Manifesto mas como devo proceder
    Profº Carlos Alberto de Jesus IFS

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  9. Prezadas (os) visitantes

    Venho compartilhar fragmento de um belo texto, sobre educação/escola que estou (re)lendo mais uma vez. É tão atual, vale a pena socializar. o Título é A Escola, esse mundo estranho. Autor: Newton R. de Oliveira; Prof. Dr. UNESP/Araraquara - SP;1995
    "A emancipação da humanidade, sua maioridade construída e conquistada é a única garantia contra a barbárie, em sua forma manifesta ou em sua versão mais sutil. Em que pesem as limitações da escola e em que pesem os inúmeros tabus que enrodilham seus profissionais,confundindo-os e tornando-os instrumentos da confusão, que tudo homogenisa. É ela ainda e são eles ainda a agência e os agentes de um esclarecimento, de uma desbarbarização..."
    Quem quiser, faça comentários...é sempre bom discutir ideias e concepções.

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    1. Desculpem-me, essa nossa língua é terrível....a palavra homogeniza, foi grafasa com "S", quando o correto é "Z"
      Obrigada!

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  10. SOBRE A ENTREVISTA DO SENHOR MARES GUIA - CINFORM 1508; Caderno 1; Página 10
    . “Trabalho com formulação(...), análise educacional, avaliação, elaboração de projetos de alta complexidade, oferta de aplicação de tecnologias educacionais testadas.” Ao ler esse trecho, não tive como não recordar a Fábula dos Porcos assados. O que o senhor certamente não contava, era encontrar a nossa resistência. Sim, a resistência de uma categoria que tem um sindicato forte, respeitado e que faz intervenções em vários setores da sociedade, ou seja, tem legitimidade conquistada com lutas. Em Sergipe, o senhor não encontrou o silêncio do medo, da intimidação. Nossas vozes continuarão ecoando;

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  11. ANA CLAUDIA JESUS DOS SANTOS - LICENCIATURA EM EDUCAÇÃO DO CAMPO-UFS

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